En el blog Democracia y mundo de trabajo en debate, publicado en Porto Alegre (RS), se ha publicado esta nota sobre la importancia de la realziación del Estado social que se transcribe aquí íntegramente en portugués. La consulta de la página original se puede realziar a través de este link:
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Colunistas
Antonio Baylos
A importância da realização do Estado social
16 de setembro de 2013
Frente
ao esquema liberal, suficientemente conhecido em sua retórica e em sua
programação, o Estado social afirma um ordenamento formal que não está
desconectado de seus pressupostos materiais, e nega a capacidade de
autorregulação do mercado como forma de criação de riqueza e espaço de
liberdade e de igualdade. A noção significa a imposição de uma
democracia econômica, a socialização dos meios de produção e a
transformação da base da produção social. O Estado social regula de
forma positiva e intervém ativamente sobre a realidade social para
construir uma ordem social igualitária.
A noção se expande na Europa do segundo pós-guerra. A alternativa
política no Estado social incorporada pelas constituições que derrotam
os fascismos europeus era socialista. Nucleada em torno da classe
trabalhadora, dotada de uma ideologia democrática e antifascista, com
uma ética e uma utopia fundada sobre o trabalho, centrada na gestão do
poder econômico e social capitalista, e não na natureza deste poder.
Partidos e sindicatos se inscreviam nessa mesma linha na Itália, assim
como na França, e, depois do desaparecimento dos últimos fascismos, na
Grécia, em Portugal, na Espanha. O que significa que na base desse
Estado social há uma tensão conflitiva originada pela presença do
movimento operário e sua representação no campo político-eleitoral e no
espaço social. O Estado social implica, portanto, a “fundação” de uma
subjetividade coletiva, “levar à constituição toda uma classe social”,
que estabelece com a ordem constitucional estabelecida e o Estado
constituído uma relação tendencialmente crítica, em um processo
dialético de superação do existente por uma alternativa socialista.
Composição de classe no marco do afiançamento do que se denomina
fordismo ou em torno da figura do operário-massa, e alternativa
socialista no sentido de substituir progressivamente o sistema
capitalista por um projeto geral de apropriação da riqueza social,
desenvolvendo estruturas de contra-poder nos espaços de alienação e de
exploração, privados e públicos, democratizando materialmente, portanto,
as estruturas de poder públicas e privadas. Deste modelo constitucional
que se estende desde a derrota dos fascismos na Europa há várias
versões, mas em todas elas se aprecia a revalorização da democracia como
reação frente às experiências fascistas ou corporativistas.
O Estado social – e essa Constituição social – buscava a unificação
da cidadania social e política atribuindo aos sujeitos reais das
relações sociais uma legitimação formal tanto na sociedade como no
Estado, predominantemente através da representação coletiva das figuras
sociais do trabalho e das pessoas que trabalham. Portanto,
configurava-se como “programa” para a superação da organização econômica
e social do capitalismo e seus limites “de fato”, com base em uma
legitimação democrática que reconfigurava o espaço público.
Ocupa a posição central neste quadro a noção do cidadão através do
reconhecimento de direitos que alcançam estatuto constitucional e se
definem como direitos sociais que em grande medida se caracterizam por
implicar em uma prestação material do Estado. Saúde, educação,
seguridade social e habitação são os elementos centrais desta atividade
estatal – que pode ser assumida por outros entes públicos, como as
regiões ou as câmaras municipais, junto com a política de transportes ou
a de saneamento público –, que se configura como uma obrigação
constitucional e legal, ainda que frequentemente associada aos
condicionamentos materiais que lhe são impostos pelas exigências
econômicas e financeiras. Por causa disso, o reconhecimento positivo dos
direitos sociais não os converteu em expectativas plenamente exigíveis
frente ao poder, ou em instrumentos aptos para assegurar as necessidades
básicas e a autonomia de seus destinatários, mesmo que integrem o
conteúdo da cidadania social, que é garantida institucionalmente pelo
Estado em sua atividade prestacional. Por isso, a orientação política
concreta que se dá às políticas públicas neste tema se torna decisiva, e
a exigência de seu desenvolvimento qualitativo e quantitativo é
fundamental em um programa de progresso.
Trata-se de uma conquista irrenunciável em cuja preservação e
desenvolvimento devem estar comprometidas as instâncias de representação
do trabalho tanto no campo político-eleitoral como na esfera econômica e
social, que se legitimam apenas e exclusivamente enquanto se projetam
como figuras sociais que perseguem a emancipação das classes
subalternas.
Tradução: Daniela Kern
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